Ideia fixa
EM EVENTO realizado anteontem no Itamaraty, com direito a generosa distribuição de medalhas, o presidente Lula recorreu à conhecida expressão do escritor Nelson Rodrigues -o "complexo de vira-latas"- para mais uma vez fustigar seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Para o mandatário, somente em sua gestão o Brasil teria começado a "ficar importante", como teria evidenciado um episódio ocorrido com o ex-chanceler Celso Lafer, do governo anterior, durante visita oficial aos EUA.
Poucos meses depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o representante brasileiro se viu forçado a descalçar os sapatos em inspeções de segurança nos aeroportos norte-americanos. Diplomatas que ouviam o discurso acharam graça.
À medida que o mandato de Lula se aproxima do final, sua avaliação popular positiva serve de trampolim para as acrobacias narcísicas do mandatário, obcecado em demonstrar superioridade em relação ao antecessor. Este não se faz de rogado, e ambos disputam um campeonato retórico tão inútil quanto pueril.
Sem percepção crítica das situações constrangedoras patrocinadas por seu governo, como o papelão diplomático encenado em Honduras, o presidente manteve aceso o espírito da autocongratulação.
É compreensível que políticos procurem amplificar as virtudes de seus atos na vida pública -e com Lula não seria diferente.
Um pouco de moderação no entanto seria recomendável. Ou corre-se o risco, em próximo discurso, de a história do Brasil ser considerada apenas um modesto prólogo à apoteose da era lulista.
1 comentários:
Gotei amiga, Parabens.
Postar um comentário